
Quando fala-se em felicidade e realização, tenta-se de tantas maneiras traçar um roteiro, um método ou mesmo um passo a passo para essas conquistas, porém se esquece que o ser humano, é formado, composto interiormente de um funcionamento essencial, de um ordenamento natural que rege sua vida biológica, e não é diferente com sua vida psíquica, neste trecho do texto “Hacia una visión integral de la vida humana”, da Doutora em psicologia Zelmira Seligmann: “Muitas vezes, é a imaginação que adquire este protagonismo na vida – como muito bem dizia Santa Teresa, que é a louca da casa – e então a personalidade não pode atuar segundo a realidade, a verdade e o bem conhecidos, sua própria natureza racional, mas se vive uma vida artificiosa, “inventada” por sua própria imaginação, com fins fictícios, e portanto com uma dissociação e desarmonia interior.” Podemos perceber que se há uma disfuncionalidade neste ordenamento perde-se a razão, perde-se o protagonismo da vida, e a “louca da casa” assume o controle, prejudicando assim não somente a conquista desta felicidade, que está na vivência do fim último do ser, do encontro com Bem supremo, quando o homem é guiado pela inteligência, pela verdade e pela vontade, mas levando o homem a viver de modo superficial e momentâneo, fortalecendo a disfuncionalidade e dando ibope à “louca da casa”, construindo assim um círculo vicioso.
Portanto, deve-se ter em vista, como ponto de partida, a necessidade de reconhecer-se dotado de uma Verdade fundamental que forma a nossa identidade, para que se desencadeie a identificação de um Bem supremo e possamos nos posicionar diante da realidade na qual estamos inseridos em nossa vivência, assumindo o protagonismo das nossas ações, não mais levados pelos assaltos da “louca da casa” que faz de nós meros bonecos que reagem aos toques, ofensas, vícios e situações que criamos quando somos conduzidos pelas emoções e pela nossa imaginação.
Assumamos o protagonismo de nossas vidas, ordenemos nossas emoções, coloquemos a louca da casa em seu devido lugar, para que possamos, de fato, vivenciar a felicidade que tanto desejamos, que muitas vezes nos cansamos de procurar e não raro se torna motivo de desesperança e falta de sentido na vida, e ainda como nos diz Dra. Zelmira: “Poderíamos dizer que, para ser saudável, o homem deve aceitar com alegria sua natureza, ele deve buscar sua perfeição. Mas ele também deve aceitar sua posição como criatura, o lugar que corresponde a ele como sendo criado.” Todo ser criado, o é por alguém, e esse Alguém que criou o ser humano, é Deus: “Façamos o homem, a nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26), sendo assim o único caminho capaz de nos trazer a felicidade e a realização que tanto desejamos, é o da conformidade (Do Latim CONFORMARE, “modelar, moldar, educar, modificar”, de COM-, “junto”, mais FORMARE, “dar forma”.); O caminho de uma ação de dar forma, de retornar a forma original na qual fomos criados!
Que a Graça desse Deus criador, que nos dá cotidianamente inúmeras possibilidades, nos dota de potencialidades e nos capacita de diversas formas, nos sustente a cada instante, para que de modo humilde, autentico e virtuoso, tracemos esse caminho de conformidade ao Nosso Criador, encontrando em cada ação a Verdade capaz de nos libertar das criações imaginarias que fazemos, da louca que habita a nossa casa interior!
Missionária – Amanda Barbosa da Costa